Governador Cabral discursava a poucos metros do esgoto a céu aberto
Longe das câmeras que cobriam a inauguração das primeiras UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), no Complexo da Penha, Zona Norte da cidade, os sinais da ausência de serviços essenciais que o estado deve fornecer são aparentes: a 300 metros do local onde o governador Sérgio Cabral discursava, na manhã desta quarta-feira(26), esgoto corria a céu aberto.
As novas UPPs fazem parte do plano do governo de até o final de julho inaugurar quatro destas unidades no complexo de favelas da Penha. Nesta quarta, a secretaria de Segurança Pública instalou uma na Chatuba e a segunda na Fé/Sereno. Cerca de 400 policiais militares substituirão as tropas do Exército que ocupam aquela região desde o fim de 2010.
Apesar da ocupação pelas Forças de Pacificação trazer a presença policial para áreas antes renegadas pelo Estado, muitos moradores não se mostravam muito entusiasmados com a nova experiência.
Uma das mais antigas moradoras do Morro da Fé, dona Balbina, de 78 anos reclama que nem serviços básicos como água, luz e coleta de lixo chegam à todos.
Uma bomba leva a água da parte plana até as caixas d’água no alto do morro. O problema, segundo os moradores, é que estas caixas não suportam a demanda de toda a comunidade, fazendo com que o abastecimento seja interrompido durante vários dias da semana.
“A gente tem água durante três ou quatro dias na semana, depois acaba e nós temos que ir até lá em baixo buscar”, reclama dona Balbina.
Algumas vielas acima de onde o governador inaugurava a 25ª UPP carioca, Paulo Cesar, 35 anos, mostrava a quem quisesse os diversos problemas que afetam moradores daquela área.
Próximo da UPP, um canal de esgoto a céu aberto desce os becos da favela. Assoreado com entulho e lixo à mostra, o esgoto atraí grande quantidade de mosquitos e outros insetos, oferecendo riscos para a saúde dos moradores e, principalmente, para as crianças.
“Quando chove, essa canaleta transborda e vai tudo parar nas casas”, conta.
Paulo Cesar mostra ainda o fundo de uma casa repleto de troncos de árvores. Segundo ele, cortaram as arvores que ameaçavam cair mas, além de o serviço ter sido feito 'de qualquer maneira', esqueceram de recolher os galhos cortados:
“Além das árvores eles acabaram quebrando um cano, e por isso algumas casas ainda estão sem água. Os troncos também estão aí jogados até hoje”, reclamou.
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